domingo, 23 de novembro de 2008

Ficha Técnica

Título: A língua Felliniana
Gênero: Documentário
Pais/Ano: Brasil/2008
Diretor: Carlos Eduardo Valinoti e Marcel Octavio
Produção: Cora Ayres e Olivia Haiad
Roteiro: Carlos Eduardo Valinoti e Marcel Octavio
Duração: 80 min

Vocabulário de Fellini

Certas palavras têm origens relacionadas a Fellini. Nós a separamos numa espécie de dicionário etimológico felliniano:

Felliniano
Este termo tem três sentidos diferentes. O mais óbvio é o adjetivo derivado do sobrenome do diretor, que significa “pertencente a Fellini”. Há, também o uso de “felliniano”para se eferir aos discípulos e admiradores de Fellini. Por fim, “felliniano”é utilizado para sugerir a atmosfera que caracteriza o estilo do diretor, notável em todos os seus filmes: um personagem felliniano, isto é, alguém com traços caricatos e grotescos; uma mulher com dimensões fellinians, isto é, uma essoa com seios grandes (basta lembra de Anita Ekberg em A Doce Vida).

Paparazzo
Paparazzo é o nome de um personagem em A Doce Vida (interpretado por Walter Santesso), que exerce a profissão de fotógrafo da imprensa marrom. Este nome entoru na língua italiana, sendo utilizado como sinônimo de fotógrafo de tablóides, especializado em retratar estrelas e escândalos. Além disso, “paparazzo” é usado para designar um fotógrafo indiscreto e sem escrúpulos que se dedica a tirar fotos comprometedoras de personalidades conhecidas.

Vitellone
O filme Os Boas Vidas (I Vitelloni) foi lançado em 1953. Descreve a vida de um grupo de jovens desocupados do interior. O termo certamente não foi inventado por Fellini, mas sua popularização com certeza se deve ao sucesso do filme. A palavra “vitelloni” designa o jovem interiorano que, sem perspectiva de futuro, passa o dia desocupado, sem fazer nada.

A Doce Vida
Um dos filmes mais conhecidos de Fellini, realizado em 1959, é A Doce Vida (La Dolce Vita), em que o diretor descreve a vazia e falsa vida de uma pequena elite que, para escapar de sua falta de objetivos e valores, busca fortes emoções. E, neste sentido, a expressão La Dolce Vita entrou na língua italiana, sendo geralmente associada com o comportamente depravado e libertino. Alguns personagens de A Doce Vida vestem pulôveres com golas que cobrem o pescoço. No mundo da moda, dolce vita virou termo para se referir a este tipo de vestimenta.

Amarcord
Em 1973, Fellni filmou Amarcord, uma evocação autêntica das memórias de sua infância em Rimini. Amarcord é uma palavra do dialeto Ramagese que significa, literalmente, “eu me recordo”. O filme fez um grande sucesso e, aos poucos, a palavra começou a ser usada não apenas para se referir ao longa-metragem, mas também no seu sentido literal. Portanto, amarcord passou a signifcar memorias carregadas de nostalgia, evocações nostálgicas do passado e reflexes sobre o passado.

Os astros de Fellini

A parceria Rota-Fellini

Nascido em Milão em 1911, no seio de uma família de músicos, Nino Rota inciou-se na música com Orefice Pizzetti. Ainda criança, mudou-se para Roma, onde terminou seus estudos no conservatório de Santa Cecília, em 1929, com Alfredo Casella. Entretanto, tornou-se num menino prodígio, famoso tanto como compositor como maestro. Sua primeira apresentação, "L'infanzia de San Giovanni Battista", foi realizada em Milão e Paris no ano de 1923, e a sua comédia lírica, "Il Principe Porcaro", foi composta em 1926.
De 1930 a 1932, Rota viveu nos Estados Unidos. Ganhou uma bolsa de estudo no Curtis Institute of Philadelphia, onde frequentou as aulas de composição de Rosario Scalero e as de orquestra ministradas por Fritz Reiner. Regressou a Itália, onde se licenciou em literatura pela Universidade de Milão. Em 1937, iniciou sua carreira docente que o levou à direção do Conservatório de Bari - um título que manteve de 1950 até a data do seu falecimento, em 1979.
Após as suas composições "juvenis", Nino Rota escreveu as seguintes óperas: "Ariodante" (Parma, 1942), "Torquemada" (1943), "Il cappello di paglia di Firenze" (Palermo, 1955), "I due timide" (RAI, 1950, Londres, 1953), "La notte di un neurastenico" (Premio Italia, 1959, La Scala, 1960), "Lo scoiattolo in gamba" (Veneza, 1959), "Aladino e la lampada magica" (Nápoles, 1968), "La visita meravigliosa" (Palermo, 1970), e "Napoli milionaria" (Spoleto Festival, 1977).
Escreveu também os seguintes balés: "La rappresentazione di Adamo ed Eva" (Perugia, 1957), "La Strada" (La Scala, 1965), "Aci e Galatea" (Roma, 1971), "Le Molière Imaginaire" (Paris e Bruxelas, 1976) e "Amor di poeta" (Bruxelas, 1978), para Maurice Bejart.
Há uma quantidade infindável de trabalhos de Rota para orquestra que até hoje são ouvidos em todo o mundo.
Seu trabalho no mundo do cinema data desde os anos 40. Sua filmografia inclui nomes de practicamente todos os realizadores notáveis da sua época, como: Renato Castellani, Luchino Visconti, Franco Zeffirelli, Mario Monicelli, Francis Ford Coppola, René Clément, Edward Dmytrik e Eduardo de Filippo. Porém, era o nome de Fellini que fortalecia a lista dos diretores fascinados pela música deste renomado compositor.

Os astros de Fellini

Giulietta Masina, a Sra. Fellini

Filha do violinista e professor de música Gaetano Masina e da maestrina Angela Flavia Pasqualin, Giulia Masina passou boa parte de sua adolescência em Roma com uma tia viúva. Graduou-se em Letras e Filosofia pela Universidade de Roma e durante os estudos cultivou a paixão pela atuação. Durante a temporada de 1941 a1942, participou de vários espetáculos de prosa, dança e música no teatro universitário. Em 30 de outubro de 1943, casou-se com Federico Fellini, com quem estabeleceu uma intensa parceria artística e afetiva - uma das mais importantes do cenário artístico italiano.
Em 1946 estréia no cinema, com um brevíssimo papel na obra prima de Roberto Rossellini, "Paisà". Dois anos mais tarde, obtém seu primeiro papel importante no filme "Senza Pietà", de Alberto Lattuada.
No entanto, é com Fellini que a atriz alcança a fama internacional com o papel de Gelsomina, no filme "La Strada" (1954). Em 1957, alcançou o ápice de sua carreira interpretando a personagem principal no filme "Le notti di Cabiria", também de seu marido .

Os astros de Fellini

Françoise Judith Sorya Dreyfus, ou Anouk Aimée

Françoise Dreyfus era filha de atores, e sua primeira atuação no cinema foi aos 14 anos, em "La Maison sous la Mer" (1947), filme dirigido por Henri Calef. A partir de então, resolveu adotar o nome de seu personagem - Anouk. Depois de estudos secundários na Inglaterra, estudou teatro e dança. Seu primeiro longa-metragem foi "La Fleur de l'âge", de Marcel Carné, que jamais foi lançado. Nessa ocasião, Jacques Prévert, que era o roteirista do filme, sugeriu a Anouk que adotasse o pseudônimo de Aimée e ela gostou da idéia.
Anouk Aimée casou-se três vezes: com o cineasta Nikos Papatakis, com o qual tem uma filha, Manuella; com o compositor Pierre Barouh; e com o ator Albert Finney. Mais tarde viveu também com o cineasta Élie Chouraqui.

Os astros de Fellini

Marcello Mastroianni
Nascido numa pequena vila nos Apeninos, Marcello Vincenzo Domenico Mastroianni cresceu em Turim e Roma. Durante a segunda guerra mundial foi mandado para uma prisão nazista, mas escapou para Veneza.
Em 1945, começou a trabalhar para uma empresa de cinema, e teve aulas de atuação. Sua primeira participação em um filme foi no ano de 1947, em "I Miserabili" - adaptação de Os miseráveis, de Victor Hugo. Logo, ele se tornou um grande ator romântico de projeção internacional. Estrelou o filme de sucesso "I Soliti Ignoti" e foi escalado por Federico Fellini para "La dolce vita", junto da atriz Anita Ekberg, em 1960. Em seguida atuou em outro papel singular, o de um diretor frustrado, em "81⁄2", também de Fellini.
Mastroianni foi casado com a atriz italiana Flora Carabella (1926-1999), com quem teve uma filha, Barbara Mastroianni. Ele também teve mais uma filha, Chiara Mastroianni, do seu relacionamento com a atriz francesa Catherine Deneuve.